“Se deu na televisão, então deve ser verdade”

A maior parte dos jovens que encontramos à porta de uma escola ou local de trabalho quando fazemos uma acção de contacto tem, à partida, uma ideia mais ou menos formada sobre aquilo de que vamos falar: as suas condições de vida, as condições da sua escola, as suas condições de trabalho, as suas perspectivas, e as razões que explicam o estado a que isto tudo chegou. Essa ideia é baseada, sobretudo, nos anos de informação que lhe foi veiculada através das televisões e dos jornais, da escola e dos manuais, todos instrumentos de que esperam isenção e seriedade.

Está fora de questão, portanto, partirmos do princípio que nos vão vão ouvir com neutralidade. Os nossos argumentos, a análise que fazemos e as responsabilidades que apontamos, não têm tempo de antena. A imprensa e as editoras têm donos, donos que pertencem a uma elite económica que pretende manter e consolidar os seus privilégios. Eles percebem, portanto, a importância que tem a manipulação das ideias para condicionar a acção das pessoas, para que desta forma sejam salvaguardados os seus interesses.

Nos últimos quatro anos, com a política de austeridade iniciada pelo governo PS e seguida pelo governo PSD/CDS, essa manipulação, que de resto sempre existiu, foi significativamente agravada. Tratava-se de nos fazer acreditar que a crise era culpa dos trabalhadores – que ‘viveram acima das suas possibilidades’ – e que todos deveríamos fazer sacrifícios para dela sair.livro

Actualmente, com um governo PS que, com o papel determinante do PCP, abre caminho a uma reposição de direitos e rendimentos, ainda que limitada, todos os meios são poucos para levar os trabalhadores a retirar o seu apoio a esta solução política e a dissuadi-los de lutar por maiores avanços.