Por uma
Casa Municipal da Juventude: Ponto de Encontro
Para Todos!
Comunicado 27 de Março, 2019 Almada
O apoio público atribuído ao Movimento Associativo Juvenil é cada vez mais restrito e limitado, seja em termos financeiros como logísticos e em termos de equipamentos disponibilizados.
Muitas são as associações que, graças aos entraves referidos, se vêem forçadas a encerrar, grande parte das vezes por razões económicas, privando os jovens da possibilidade de praticar desporto, aceder a cultura, a espaços de convívio, sendo particularmente grave quando, em certas zonas do país, as associações juvenis constituem os únicos locais com tal oferta. O seu encerramento obriga os jovens que usufruíam destas actividades a deslocar-se a locais muitas vezes longe da sua residência e a pagar pelas actividades, o que não está ao alcance de todos.
Em Almada, o Ponto de Encontro, criado em Abril de 1989 pelo Poder Local Democrático, funcionou e funciona como um centro de criação, experimentação e fruição culturais orientado para a juventude, mas aberto a toda a população, sendo uma marca bem evidente do papel que a gestão CDU sempre reservou à participação popular.
Nestes 30 anos de actividade, passaram por lá milhares de jovens que desenvolveram os seus projectos nas mais variadas linguagens artísticas muitos dos quais se tornaram músicos, actores, encenadores, coreógrafos, bailarinos, fotógrafos, artistas plásticos, técnicos de luz e de som ou produtores culturais.
Por lá passaram muitos jovens e associações que têm no Ponto de Encontro a sua casa. Uma casa aberta a todos, com acesso a espaços de trabalho, a meios técnicos e humanos, a uma localização privilegiada e a uma circulação de agentes culturais promotora de desenvolvimento artístico e pessoal. Para além das limitações que o actual executivo da câmara PS impõe a grupos de jovens informais na utilização do espaço, continua a ser o lugar onde várias associações regularmente desenvolvem a sua actividade.
A proposta do PS da afectação deste equipamento cultural ao projecto Casa da Dança, do coreógrafo Paulo Ribeiro, não obstante o mérito cultural do artista, constitui um grave retrocesso nas políticas culturais e para a juventude no Concelho de Almada. O que está em causa é excluir todos os jovens artistas para incluir apenas um artista, ainda para mais já consagrado, no acesso a um espaço público de criação cultural. Uma decisão imposta, sem diálogo com a população, que se insere na política de terraplanagem levada a cabo por este executivo em relação á nossa história e identidade culturais.
Por isso, os vereadores da CDU votaram contra o projecto da Casa da Dança, sendo a única força política a fazê-lo. A JCP está solidária com todos aqueles que estão unidos na luta contra o encerramento do Ponto de Encontro, na defesa dos seus direitos culturais, na defesa da Democracia Cultural! Esta situação é tanto mais grave quanto são cada vez mais os jovens que se confrontam diariamente com a falta de tempo livre para se dedicarem às suas actividades fora da sua escola ou local de trabalho. Os entraves à participação da juventude no movimento associativo, estão profundamente ligados ao facto dos seus horários serem desregulados e sobrecarregados, à precariedade e aos baixos salários que muitas vezes não chegam para pagar os estudos ou as contas de casa e obrigam os jovens a ter mais do que um trabalho. Levando assim a que estes deixem para trás a construção de uma vida pessoal e social que tão importantes são para o seu desenvolvimento pessoal.
Os cortes levados a cabo pelos sucessivos governos PS, PSD e CDS, aliados à Lei do Associativismo Jovem, têm dificultado a sobrevivência de diversas associações jovens, que se vêem sem meios para desenvolver a sua actividade, em especial os grupos de jovens ou associações que optem por não ter uma natureza formal.
Num momento em que a situação económica e social prejudica a disponibilidade para a participação e em que ao mesmo tempo se limita a capacidade de as associações e grupos de jovens manterem a sua actividade, os processos burocráticos que englobam a formalização e legalização de uma associação são extremamente morosos, dispendiosos e complexos, o que constitui outro entrave à criação destes grupos