No Porto, os estudantes não se calam

Nos últimos anos, foram muitos milhões os que os sucessivos governos PS, PSD e CDS cortaram no Ensino Superior. No último governo foram 320 milhões a menos. Isto degradou as condições das instituições do Ensino Superior e dificulta o acesso dos estudantes ao seu direito constitucional a estudar.

 

Estas instituições, por falta de verbas, não conseguem  aos seus alunos e são obrigadas a diminuir o número de docentes e funcionários, a encerrar cursos e a não conseguir assegurar serviços como a cantina, residência, bibliotecas e salas de estudo com condições. A atribuição de bolsas é altamente burocratizada e é generalizada a bolsa mínima que está longe de cobrir todos os custos inerentes à frequência do Ensino Superior.

 

Fazendo frente a estas políticas, estudantes de várias faculdades do Porto organizaram-se, denunciaram os problemas e reivindicaram a sua resolução e os seus direitos, tendo já alcançado algumas vitórias.

 

Na ESE (Escola Superior de Educação), após um processo de luta contínuo, a cantina passa a estar aberta até mais tarde, permitindo que os alunos de regime pós-laboral possam jantar. Haverá também obras no espaço.

 

Na FEUP (Faculdade de Engenharia do Porto) e na FCUP (Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, está a ser organizado um abaixo-assinado exigindo refeições de qualidade e a um preço social mais baixo, para além de mais condições materiais e humanas nas cantinas.

 

Na FLUP (Faculdade de Letras da Universidade do Porto), realizou-se um abaixo-assinado que contou com cerca de 650 assinaturas para o alargamento do horário da biblioteca, bem como a melhoria do seu repositório, acompanhado de uma concentração de alunos, no dia 4 de Novembro.

 

Na ESAD (Escola Superior de Artes e Design), está a ser recolhido um abaixo-assinado contra a falta de ventilação nas salas de aulas. Este processo conta já com uma grande vitória: obras nas salas com possibilidade da colocação de ar condicionado.

Na Universidade Católica do Porto, no departamento de Psicologia, os estudantes estão a recolher um abaixo-assinado contra a falta de condições materiais da sua sala de aula.

Na Universidade Privada Fernando Pessoa, decorre um abaixo-assinado com concentração marcada devido à não existência de estágios curriculares.

Todo este processo de luta está a ser bem-sucedido e estão a ser feitos avanços notáveis por parte dos estudantes na reivindicação dos seus direitos trazendo assim uma grande motivação a todos aqueles que diariamente lutam por um sistema de Ensino Superior públicogratuitodemocrático e de qualidade.

Alterações curriculares em Medicina prejudicam estudantes!

Com o novo ano lectivo, a Faculdade de Medicina inaugurou um novo plano curricular que tira direitos aos alunos, enquanto lhes impinge deveres de professor.

 

Em determinadas cadeiras um aluno de 6.º ano passa a receber nos seus períodos lectivos um aluno do 2.º ano (em alguns casos, até mais), ao qual tem que ensinar competências de prática médica, sem qualquer pagamento ou  preparação, e de forma obrigatória, com peso na avaliação final do estágio. Esta “novidade” insere-se no PAAP — Programa de Aprendizagem Assistida por Pares.

 

 

Esta realidade demonstra a falta de condições pedagógicas e ao mesmo tempo dos Hospitais da Universidade de Coimbra, que, a rebentar pelas costuras com estudantes e internos, ficam agora mais sobrelotados, criando um ambiente desconfortável para os pacientes e dificultando o trabalho das enfermarias. O PAAP só foi dado a conhecer aos alunos no imediato, recusando-se a faculdade a informar alunos de outros anos, que futuramente vão estar implicados, até ao final do ano lectivo.

 

 

Bolseiros em Coimbra obrigados a cobrar propinas!

 

Outra das novidades é a bolsa em Gestão de Ciência e Tecnologia criada pela Universidade de Coimbra. O objectivo é que sejam os bolseiros a cobrar propinas e taxas em dívida, enquanto se vêem sem contrato de trabalho, sem direito a subsídio de desemprego, de férias ou 13.º mês, sem acesso a uma Segurança Social justa e sem direito a fazer greve. Nesta situação precária, os bolseiros ficam também numa posição de porta-voz da UC no que toca a afastar cada vez mais estudantes do Ensino Superior, usando a propina como barreira de acesso e frequência.

Centenas em defesa do direito a estudar

(data: 26.11.2015)

A Juventude Comunista Portuguesa saúda os estudantes do Ensino Superior que resistem e lutam pelo seu direito a um Ensino Superior Público, Gratuito, Democrático e de Qualidade, tal qual como inscrito na lei fundamental, na Constituição da República Portuguesa.

No dia 26 de Novembro, estudantes do Porto, Lisboa, Vila Real, Braga, Bragança, Almada, Aveiro, Algarve, Coimbra e Évora, respondendo ao apelo de diversas estruturas e associações estudantis, organizaram acções de denúncia e protesto em torno de problemas como a falta de condições pedagógicas fruto de insuficiências no pessoal docente e não docente, assim como nas infraestruturas e outros materiais; as propinas, taxas e emolumentos; as bolsas de estudo insuficientes e sucessivamente atrasadas; o abandono escolar e os milhares que são obrigados a trabalhar ou a endividar-se para continuar a estudar.

As inúmeras acções e as centenas de estudantes envolvidos de Norte a Sul do país demonstram que os estudantes não aceitam a situação de subfinanciamento das instituições e que o momento político que vivemos no nosso país exige toda a luta, de forma a efectivar uma mudança de políticas, que ponha fim ao caminho de elitização e mercantilização da educação.

Da parte da JCP, reafirmamos que tudo faremos para que as reivindicações dos estudantes sejam ouvidas. Continuaremos comprometidos com a luta dos estudantes e apelamos a que esta se intensifique como forma de garantir, na prática, uma mudança de políticas para o Ensino Superior.

O Secretariado da Direcção Central de Ensino Superior (DCES) da JCP