Portugal Fora de Bolonha JÁ! |
24-Mar-2006 | |
6) O real significado do que se diz e se escreve
O processo de Bolonha promove a mobilidade. Agora podemos ir estudar e investigar para o estrangeiro. A criação de um sistema de créditos e de graus de ensino equivalentes que, pretensamente, permita a comparação de formações e sistemas de ensino não significa que passe a haver mobilidade. Comparabilidade (essa também discutível) não significa mobilidade. Esta continua a ser sobretudo determinada por factores de ordem económica. Como acima foi referido, a questão da mobilidade prende-se, na verdade, com a migração, num só sentido, de quadros científicos para os países mais desenvolvidos - afinal de contas quem quererá vir de uma escola com melhor onde pode obter melhor formação para uma onde terá uma pior formação (p.e., vir de Oxford para o Politécnico de Bragança)? A isto acresce a necessária questão económica, pois num país em que apenas menos de 2% dos estudantes tem condições para integrar programas de tipo erasmus, para quem será esta mobilidade?
Os estudantes podem obter a sua licenciatura e mestrado num menor intervalo de tempo
O novo modelo de ensino superior é bom porque substitui um ensino baseado na transmissão de conhecimentos por um baseado na aquisição de competências.
Fomenta a “aprendizagem ao longo da vida”
O processo de Bolonha vem harmonizar os diferentes sistemas de ensino superior europeu
O processo de Bolonha não é mau; o problema reside na forma como é aplicado
É fundamental para aumentar a competitividade da economia europeia e do sistema de ensino superior europeu.
O Processo de Bolonha permite que mais gente estude no Ensino Superior ao alterar os critérios de acesso Ocorrerão ainda casos em que algumas instituições procurarão restringir o acesso às elites, procurando instituir-se como “escolas de excelência”. Criam-se, assim, escolas de primeira e escolas de segunda. Apesar de este critério ser, por agora, apenas para os candidatos maiores de 23 anos com menos do que o ensino secundário, este é certamente o abrir a porta para a universalização deste critério - correspondendo ao desejo dos donos das escolas privadas.
O acesso ao segundo ciclo será livre e democrático. Como se isto não bastasse, foi já anunciado em várias instituições que, para além do número limitado de vagas, os candidatos ao segundo ciclo serão alvo de uma entrevista para averiguação das suas capacidades para frequentar este ciclo, ou seja, fica na mão dos docentes e sem critérios objectivos a possibilidade do estudante aceder ao segundo ciclo.
O Processo de Bolonha permite o aumento da qualificação dos portugueses através de cursos de especialização tecnológica (CET’s). Restringe-se assim o acesso ao conhecimento por parte das camadas mais desfavorecidas da população, mas é-lhes fornecida a qualificação estritamente necessária para responder às necessidades circunstanciais e/ou locais do mercado de trabalho. Tanto assim é que se prevê que estes cursos resultem de parcerias entre empresas e escolas e a formação por eles concedido é de nível 4, ou seja, mais do que o Ensino Secundário, mas menos do que o Ensino Superior. Estes cursos serão leccionados predominantemente nas escolas do Ensino Politécnico, dando assim resposta ao esvaziamento a que as políticas para o Ensino Superior têm conduzido (e vão continuar a conduzir cada vez mais) as escolas deste subsistema de ensino. |
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