A cultura não é um luxo
Também um espectro tem continuamente pairado sobre a cultura em Portugal. Infelizmente, é o do subfinanciamento. Já dizia Béla Bartók, que “competições são para cavalos, não para artistas”, e, num quadro em que se verifica a total desvalorização do papel da cultura; em que os seus trabalhadores são empurrados para o canto dos descartáveis; em que um artista singular é forçado a competir com entidades culturais de topo ou companhias já históricas, sabendo que não lhe será atribuída nem migalha, do bolo já em si insuficiente, a afirmação de então, ganha um novo sentido.
Urge deixar de brincar à caridadezinha com a cultura e pôr fim à precariedade a que as políticas de direita condenam os artistas nacionais. Urge o aumento das verbas do Estado e a responsabilização deste, pela garantia de um direito previsto na Constituição da República Portuguesa. Posto isto, o PCP, o partido de todos os trabalhadores, é também o partido dos trabalhadores da cultura, e aquele que se bate por um mínimo de 1% do OE para o sector. O partido que, sabendo que os problemas de hoje não caíram do céu com a pandemia da Covid-19, mas são consequências do subfinanciamento estrutural, propôs a transferência de verbas para o financiamento do ICA e da Cinemateca assegurando os respectivos custos; o aumento das bolsas de criação literária; o reforço das bibliotecas públicas e da rede de museus; o alargamento da gratuitidade de entrada em museus, palácios e monumentos nacionais; apoios às mais distintas áreas, da actividade circense às orquestras regionais e aos programas co-tutelados pela educação e a cultura; a revitalização de monumentos e a reactivação do Plano Nacional de Trabalhos Arqueológicos, entre inúmeras medidas que tem apresentado para defender os trabalhadores da cultura e o direito do povo à fruição cultural.
A cultura não é aquilo a que recorremos para nos entreter. É um pilar da democracia e do povo. Um país sem cultura não vive – sufoca. Desvalorizá-la é um atentado à democracia e à Constituição de Abril. A JCP está com os trabalhadores da cultura, na linha da frente desta luta pelas respostas concretas que tardam em ser dadas neste sector.
E como canta a palavra de ordem: a cultura é um direito, sem ela nada feito!