Abril e a Cultura
A cultura comporta um potencial e valor insubstituíveis no que toca ao desenvolvimento, libertação e emancipação individual. Foi o 25 de Abril de 1974 que nos trouxe o direito a ela e à sua fruição!
A primeira e única edição do concurso “A Aldeia mais portuguesa de Portugal” foi organizada pelo Secretariado de Propaganda Nacional em 1938, na altura dirigido por António Ferro. Este teria o objectivo de descobrir a aldeia que “maior resistência oferecia a decomposições e influências estranhas e apresentasse o mais elevado estado de conservação no mais elevado grau de pureza numa série de características”.
Três décadas depois, em 1971, começava a ser exibida a série da autoria de Michel Giacometti o “Povo Que Canta” na RTP, etnógrafo, democrata, próximo do Partido Comunista Português. Feita a partir do seu trabalho de recolha do Portugal rural, esta consistiu numa antologia das práticas culturais musicais locais do país registadas por este no seu contexto de vida.
Apesar da semelhança aparente entre estes dois, enquanto exemplos de exposição da cultura popular de Portugal, nada poderia ser mais diferente entre ambos. O primeiro, projecto do Fascismo, procurava através duma metafísica nacionalista do espírito português construir uma imagem que não teria outro fim que não o da sua própria legitimação. Já o segundo parte duma postura completamente contrária, que procura descobrir a vida concreta do país. Encontramos então nestes dois projectos o conflito entre a cultura portuguesa e a cultura dos portugueses.
Talvez este tenha sido um dos aspectos mais centrais que o 25 de Abril trouxe para a cultura, o da possibilidade de a voz dos portugueses finalmente poder ser ouvida. Finalmente, após mais de 40 anos de administração cultural da ditadura e da sua narrativa da “humildade” do povo português, pôde-se ouvir em liberdade não só uma cultura que denunciava as duras condições em que este viveu durante o fascismo, mas também a heterogeneidade real que nunca coube na representação distorcida de Portugal anteriormente.
Acesso à Cultura: Um Direito Inalienável
Em Novembro de 2019, a JCP comemorou o seu 40º aniversário com uma iniciativa na E.S. Gil Vicente. Momento de convívio, alegria e prova da vitalidade da organização e do seu ideal e projecto político.