AGIT – Vacinas Fev. 2021

Contra o Vírus do Capitalismo

O Mercado Internacional das Vacinas

Para além de outras importantes e urgentes medidas, uma das formas mais eficazes de combate à pandemia de COVID-19 é concretizar, o mais rapidamente possível, o processo de vacinação, em cada país, em todo o mundo.

A vacinação é essencial para salvar vidas. É essencial, também, para retomar mais pronta e plenamente a atividade económica e social, sem os pesados constrangimentos actuais e os decorrentes prejuízos.

 

 Num quadro mundial que se caracteriza pelo domínio hegemônico do capitalismo e pela permanente subjugação dos interesses dos trabalhadores e dos povos aos do grande capital monopolista e dos mercados, o processo da vacinação vem uma vez mais pôr a nu as profundas injustiças e assimetrias características deste modo de produção.

 

Observemos a forma despudorada como as grandes multinacionais da indústria farmacêutica tiram partido desta situação calamitosa para aumentar as suas margens de lucro. A não partilha de conhecimento científico, produzido não poucas vezes à custa do financiamento dos Estados, negando aos povos  a possibilidade de, cada um que assim o queira, conseguir produzir as suas próprias vacinas e responder mais rapidamente às necessidades das populações é disso exemplo. A prevalência da lógica da “fila do talho” em que aquele que chega primeiro ou que dá mais consegue levar as vacinas, produz fenómenos verdadeiramente chocantes. Constatamos, por exemplo, que apenas 10 países administraram 75% de todas as vacinas, enquanto simultaneamente, há 130 países aos quais estas ainda não chegaram. Israel, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos, estão à frente da vacinação contra a COVID-19, enquanto o resto do mundo, incluindo países da UE, está atrás.

 

Para que se perceba bem a que nível chega a perversidade do sistema capitalista na sua fase de desenvolvimento imperialista, olhemos para o exemplo de Israel. Esta grande potência científica, muitas vezes utilizada como exemplo no plano do processo de vacinação, escolheu começar a negociar vacinas com os seus aliados, usando-as até como peça no xadrez geopolítico da região, antes de as disponibilizar ao povo palestiniano.

 

Em contraciclo, Cuba socialista, numa tremenda demonstração de solidariedade internacionalista, bem encaminhado que está o processo de vacinação no seu país (com 4 vacinas a serem desenvolvidas pelos laboratórios cubanos, exemplo único no campo dos denominados países em desenvolvimento), avança agora com a produção de 100 milhões de doses da vacina soberana 2 a distribuir por países como a Venezuela, o Irão ou o Vietname, bem como com a promessa de que todos os turistas que visitarem a ilha da liberdade terão, se assim o pretenderem, direito à administração da vacina gratuitamente.  

 

A maior contribuição que os comunistas portugueses podem dar no combate a este sistema explorador que perpetua as desigualdades e a injustiça é a luta por um país mais justo, desenvolvido e soberano e pela libertação das amarras da UE. Estes negócios ruinosos que apenas servem os interesses de meia dúzia de farmacêuticas, privando Portugal do acesso às mais de 170 vacinas atualmente a serem desenvolvidas, não estão, ainda por cima, a ser cumpridos pela parte das multinacionais. Desprovidos da capacidade de comprar vacinas a quem bem entendermos e de as produzir no nosso próprio país, fica cada vez mais claro o quão urgente é recuperar instrumentos de soberania e orientar a política nacional no sentido da satisfação das necessidades dos trabalhadores e do povo, do desenvolvimento económico e da concretização do Portugal de Abril, mais justo, desenvolvido e soberano.